quinta-feira, 19 de março de 2009




Às vezes a vida fica difícil, preciso lembrar disso. Duas coisas me fazem perder a paciência e a crença na melhoria contínua da espécie: a burrice e a falta de sensibilidade. Não que eu seja O Primor Da Inteligência ou A Pétala De Rosa Em Forma De Gente, mas meu QI é acima da média e eu choro com uma simples mensagem no celular. Me pergunto como, como, como pode alguém ser tão animalescamente estúpido?!? Animais, me perdoem, conheço alguns muito inteligentes. Os macacos, por exemplo, colocam comidinha na boca e se estapeiam. Juro, uma vez eu vi um macaco dando tabefe em uma macaca. Coisa boa com certeza ela não fez. E a minha cadela pega o jornal. E ainda por cima balança o rabo, feliz com sua vida canina de sombra, ração e água fresca. Eles gostam de agradar os donos, fazer vontades. Coisa boa ter cachorro. Depois de um dia péssimo, lá estão eles prontinhos para nos trazer alegria e vida, muita vida. Não há dinheiro que pague o olhar doce de um cão. Ou uma lambida bem no meio da cara quando o mundo parece não fazer o menor sentido. É, eles sentem. E, mais uma vez, querem nos agradar com carinhos lambidais. Coisa linda.Volta e meia falo sem pensar, meia e volta falo o que não devo, tenho A Síndrome Da Falta De Filtro, ligação direta entre pensamento e voz. Ops, escapuliu. Vezenquando fico insensível, dura, rocha, ríspida. Logo passa. Me dou conta, o coração derrete, me desculpo, abraço e tudo fica bem. Um mundo de abraços, quando o próprio mundo ameaça escorrer feito água em direção ao ralo. O ralo. É difícil limpar ralos da mesma forma que é difícil limpar a vida. Filosofias demais, eu sei. E olha que tô tomando suco. Deixa pra lá então. Só quero dizer que às vezes fica difícil e me dá uma vontade danada de esganar gente burra, estúpida, crápula, insensível e tonga. Pronto, falei.Não acerto sempre e erro muito. Muitas vezes, Cagalhona De Carteirinha, o medo toma conta e penso será-será-será-que-consigo? Receber nãos nunca fez parte do roteiro da minha vida. Tô acostumada com sins, talvez por dizer tantos. É difícil pra mim dizer não. Não estou acostumada com o Não. E penso, é, o Não não tá com essa bola toda, ele não pode me impedir de nada, sai da frente, Não, tô passando. É que às vezes a vida fica difícil, não entendo. A modesta e convencida verdade é que ando me achando peça rara demais em um mundo feio. Feio e lotado de gente burra e insensível. Por Deus, aprendam! O que vale é o simples e não carro e grana e lugar vip. Lembrei de uma música "já tive carro e grana e um monte de convites pra qualquer lugar... hoje eu só ando a pé, mas eu continuo a andar". Concluo: sensibilidade e inteligência andam juntas. É por isso que me visto de paciência dia após dia. E "vou sobrevivendo sem um arranhão".(Clarissa Corrêa)

quarta-feira, 18 de março de 2009

MORRE LENTAMENTE
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
“É preferível afrontar o mundo e servir nossa consciência a afrontar nossa consciência para ser agradável ao mundo”.

quarta-feira, 4 de março de 2009


"Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora".

(Voltaire)